sábado, 22 de maio de 2010
terça-feira, 18 de maio de 2010
A inevitabilidade do problema
Após o casamento, você percebe que algo nela nunca sequer namorou com você… Ou outro homem percebe antes e começa a olhar e se relacionar justamente com essas áreas intocadas, de onde nasce uma outra mulher: aquela que vai pedir divórcio.
Tal movimento é inevitável. Não há como controlar o outro e se assegurar de que você o está contemplando inteiramente. Sempre sobra algo. No entanto, seria melhor se não fôssemos tão vítimas, se pudéssemos chegar até pelo menos algumas áreas intocadas, não por medo de que outro chegue primeiro, mas para melhorar a qualidade da relação.
Na verdade, a profundidade de uma relação aumenta apenas pelo processo de não congelar e de sempre avançar mais um pouco para dentro um do outro, não exatamente pelo sucesso desse movimento ou pela “cobertura” atingida.
O primeiro ponto cego dos relacionamentos
Nossa cegueira é como uma prisão com horizontes tão amplos que sequer desconfiamos de seus limites. Não vemos algo justamente porque temos a experiência de ver tudo. Como diria Francisco Varela, nossa realidade sensorial nos parece 100% completa, sem nada faltando. Se outro ser (nosso amigo, um africano ou uma abelha) vê outra coisa, então é sinal claro de que ele está errado, alucinando.
O que vemos quando olhamos para nossa esposa ou para nosso namorado? Simples: o outro nos parece 100% como a identidade que foi construída pela relação. Um pai vê um filho no menino que estuda na sala com o amigo que vê o amigo que minutos antes era visto como aluno pela professora. Eis a primeira cegueira de uma relação: não olhamos para a mulher, mas pelo que construímos na relação com ela. Se uma relação surge como um namoro, ela passa a ser nossa namorada, não apenas como uma imagem mental, mas como um corpo diante de nós vivendo em um mundo específico que vai sendo pintado pelo casal.
A cegueira é também uma proteção, afinal lembrar que nossa namorada é uma mulher implica em admitir a possibilidade de que ela seja desejada e sinta desejo por outros, de que ela se transforme em namorada de outro. Ou em admitir que ela não lembra muito de nós enquanto está agindo como filha. Lembrar que nossa relação com ela não abraça 100% do seu ser (e nem deveria).
O segundo ponto cego dos relacionamentos“Murilo achava que me conhecia bem demais, ficou confiante: nunca olhou dentro da carapaça. Viu a carapaça e achou que aquilo é que era, que já estava tão fundo dentro de mim quanto alguém poderia estar. Mas o fundo é sempre mais embaixo, nem eu sei onde, e lá o Murilo nunca se aventurou. Casou com a rocha, se satisfez com a rocha e uma rocha era o que esperava que eu fosse.” –Alex Castro, em Mulher de um homem só
Além de confundirmos nossa mulher com a identidade que foi construída em sua relação conosco, há um outro ponto cego no interior mesmo dessa relação. No primeiro caso, não vemos as outras mulheres por trás de nossa namorada; no segundo, não vemos nem mesmo nossa mulher por completo. Ela chora debaixo do chuveiro, volta para a cama e não desconfiamos de nada. Ela coloca uma calcinha especial e estamos cansados demais para notar e tirá-la com gosto. Ela é sutilmente inferiorizada por sua família e você interpreta tudo como brincadeira…
Não é por acaso que talvez a maior reclamação feminina seja relacionada à solidão e à ausência do olhar desejante masculino. Ouçam o pedido da Vanessa da Mata representando todas as mulheres: “Não me deixe só”.
Ora, é por isso que algumas relações são tão transformadoras. Quando uma mulher realmente se sente viva, olhada, cuidada, preenchida dentro de uma relação, todas as outras identidades conseguem sentir esse calor. Se reduzimos os dois pontos cegos, atingimos uma base anterior à própria identidade de namorada que surge à nossa frente. Não só a namorada, mas a mulher inteira fica feliz.
Ao mesmo tempo, nós descobrimos como agir com esse ser mais amplo que a identidade do marido, mesmo quando estamos dentro de uma relação. Se fizermos isso com certa frequência, será mais fácil lidar com o fim dessa relação, com a morte do marido. Enquanto o marido estava em cena, outra coisa estava agindo. E essa outra coisa segue.
Os dois pontos cegos são inseparáveis. Sua superação, claro, não se dá de modo definitivo: ao tentarmos nos aproximar da totalidade do outro, percebemos que ela é inatingível, sempre expansível, como um horizonte. Não há fundo, não há essência. Nada além de um vasto espaço livre do qual o outro nasce diariamente
Após o casamento, você percebe que algo nela nunca sequer namorou com você… Ou outro homem percebe antes e começa a olhar e se relacionar justamente com essas áreas intocadas, de onde nasce uma outra mulher: aquela que vai pedir divórcio.
Tal movimento é inevitável. Não há como controlar o outro e se assegurar de que você o está contemplando inteiramente. Sempre sobra algo. No entanto, seria melhor se não fôssemos tão vítimas, se pudéssemos chegar até pelo menos algumas áreas intocadas, não por medo de que outro chegue primeiro, mas para melhorar a qualidade da relação.
Na verdade, a profundidade de uma relação aumenta apenas pelo processo de não congelar e de sempre avançar mais um pouco para dentro um do outro, não exatamente pelo sucesso desse movimento ou pela “cobertura” atingida.
O primeiro ponto cego dos relacionamentos
Nossa cegueira é como uma prisão com horizontes tão amplos que sequer desconfiamos de seus limites. Não vemos algo justamente porque temos a experiência de ver tudo. Como diria Francisco Varela, nossa realidade sensorial nos parece 100% completa, sem nada faltando. Se outro ser (nosso amigo, um africano ou uma abelha) vê outra coisa, então é sinal claro de que ele está errado, alucinando.
O que vemos quando olhamos para nossa esposa ou para nosso namorado? Simples: o outro nos parece 100% como a identidade que foi construída pela relação. Um pai vê um filho no menino que estuda na sala com o amigo que vê o amigo que minutos antes era visto como aluno pela professora. Eis a primeira cegueira de uma relação: não olhamos para a mulher, mas pelo que construímos na relação com ela. Se uma relação surge como um namoro, ela passa a ser nossa namorada, não apenas como uma imagem mental, mas como um corpo diante de nós vivendo em um mundo específico que vai sendo pintado pelo casal.
A cegueira é também uma proteção, afinal lembrar que nossa namorada é uma mulher implica em admitir a possibilidade de que ela seja desejada e sinta desejo por outros, de que ela se transforme em namorada de outro. Ou em admitir que ela não lembra muito de nós enquanto está agindo como filha. Lembrar que nossa relação com ela não abraça 100% do seu ser (e nem deveria).
O segundo ponto cego dos relacionamentos“Murilo achava que me conhecia bem demais, ficou confiante: nunca olhou dentro da carapaça. Viu a carapaça e achou que aquilo é que era, que já estava tão fundo dentro de mim quanto alguém poderia estar. Mas o fundo é sempre mais embaixo, nem eu sei onde, e lá o Murilo nunca se aventurou. Casou com a rocha, se satisfez com a rocha e uma rocha era o que esperava que eu fosse.” –Alex Castro, em Mulher de um homem só
Além de confundirmos nossa mulher com a identidade que foi construída em sua relação conosco, há um outro ponto cego no interior mesmo dessa relação. No primeiro caso, não vemos as outras mulheres por trás de nossa namorada; no segundo, não vemos nem mesmo nossa mulher por completo. Ela chora debaixo do chuveiro, volta para a cama e não desconfiamos de nada. Ela coloca uma calcinha especial e estamos cansados demais para notar e tirá-la com gosto. Ela é sutilmente inferiorizada por sua família e você interpreta tudo como brincadeira…
Não é por acaso que talvez a maior reclamação feminina seja relacionada à solidão e à ausência do olhar desejante masculino. Ouçam o pedido da Vanessa da Mata representando todas as mulheres: “Não me deixe só”.
Ora, é por isso que algumas relações são tão transformadoras. Quando uma mulher realmente se sente viva, olhada, cuidada, preenchida dentro de uma relação, todas as outras identidades conseguem sentir esse calor. Se reduzimos os dois pontos cegos, atingimos uma base anterior à própria identidade de namorada que surge à nossa frente. Não só a namorada, mas a mulher inteira fica feliz.
Ao mesmo tempo, nós descobrimos como agir com esse ser mais amplo que a identidade do marido, mesmo quando estamos dentro de uma relação. Se fizermos isso com certa frequência, será mais fácil lidar com o fim dessa relação, com a morte do marido. Enquanto o marido estava em cena, outra coisa estava agindo. E essa outra coisa segue.
Os dois pontos cegos são inseparáveis. Sua superação, claro, não se dá de modo definitivo: ao tentarmos nos aproximar da totalidade do outro, percebemos que ela é inatingível, sempre expansível, como um horizonte. Não há fundo, não há essência. Nada além de um vasto espaço livre do qual o outro nasce diariamente
sexta-feira, 14 de maio de 2010
Essa é uma postagem feita por um blogueiro GUSTAVO GITTI, adorooo tudo que ele escreve e gostaria de compartilhar com vcs.
A verdadeira substância da vida
A vida não é feitas de seres, fenômenos, locais, fatos, situações e objetos. A vida é feita de experiências.
Tome um banheiro, por exemplo. É um local, mas nunca existe como local per se. Ele é sempre a experiência de olhar para um banheiro, entrar em um banheiro, medir suas dimensões ou apenas analisar cientificamente os átomos da parede de um banheiro. São diversas experiências sensoriais que surgem em nosso contato com o banheiro, mas nunca há “o banheiro” em si.
Com fatos, já aprendemos com Nietzsche que são interpretações, mas com objetos e seres é mais complicado. Ainda assim, é só abrir bem os olhos. Você já encontrou a si mesmo sem ser por meio da experiência de se olhar no espelho, pensar, sonhar ou ver que outros estão tendo a experiência de ver e falar com você? Tanto em você como nos outros, não há “a pessoa” em si, apenas as experiências construídas nas quais aparecemos como um elemento no mundo sensorial de alguém.
Por não ser auto-existente ou possuir uma essência imutável, uma mesma coisa pode produzir experiências positivas ou negativas. Uma mulher gostosa: se apaixonada por nós, causa felicidade; se nos trai ou abandona, causa sofrimento Um Bentley: quando o dirigimos, prazer; quando batemos ou somos roubados; dor de cabeça.
Ou pode aparecer de formas diferentes: uma mesma mulher pode ser chata ou simpática ao mesmo tempo para duas pessoas; pode ser mãe, sobrinha ou filha, chefe ou subordinada; pode ser um monstro para o ex enquanto é a oitava maravilha do mundo sob o olhar do novo namorado.
É por isso que todas as nossas características (aquelas que pensamos ser nossa essência), negativas ou positivas, são apenas formas de relação que estabelecemos com os outros, com objetos, locais, situações, com o mundo em geral. Nós também somos experiências.
Timidez, chatice, liderança… Processos de relação. Não faz sentido apontar o dedo e dizer: “Ele é chato”. Ora, certamente ele não é chato para, no mínimo, uma outra pessoa. Então a chatice não é uma propriedade enervurada no âmago do seu ser. Ao apontar um adjetivo no outro, revelamos o tipo de relação que foi co-construída por ambos, o modo como nascemos um ao olhar do outro, o tipo de experiência que estamos produzindo.
Como é produzida uma experiência?
Uma experiência é fruto do encontro entre sujeito e objeto. Mais precisamente, ela é produzida pelo acoplamento entre um corpo e um ambiente, um mundo particular, um umwelt. Esse conceito alemão serve para dizer que o mundo ao nosso redor surge de acordo com nossa configuração. Se fôssemos uma abelha, veríamos outras coisas, ou melhor, viveríamos em outro mundo.
Na verdade, é uma ilusão achar que somos vários seres andando em um mesmo mundo. Os biólogos Humberto Maturana e Francisco Varela costumam dizer que, quando um ser morre, um mundo inteiro morre junto. Cessam todas as experiências que esse ser tinha com as coisas; e seu mundo inteiro era só isso: a experiência que ele tinha com outros seres, objetos, locais e fenômenos.O que realmente define a qualidade do que surge não é o objeto, mas o sujeito. Não são as pessoas vistas, os ambientes, os eventos, as situações externas, mas o olho que vê, o corpo que se relaciona e sente, a mente que pensa e cria sentido.
Se duvida da importância do corpo, experimente assistir ao show de sua banda favorita depois de 48h sem dormir. O show vai rolar lá longe, perfeito, mas você mal vai conseguir abrir os olhos, ou estará com dor de cabeça, ou estará com todos os sentidos comprometidos.
Para testar a hipótese da mente ser decisiva para a produção das experiências (note: não para a produção dos fenômenos), vá a uma festa sensacional num dia em que estiver mal, totalmente depressivo. A festa vai ser animal, mas você vai ter uma péssima experiência. Ou seja, no seu mundo não vai existir essa festa animal compartilhada subjetivamente por outros.
O que realmente buscamos?
Há algo ordinariamente comum entre um orgasmo numa lua de mel em Fernando de Noronha e um prêmio em Cannes após um trabalho que rendeu muita grana. Durante toda a nossa vida, buscamos experiências positivas de felicidade, energia intensa e estável, sentido na vida, brilho nos olhos, diversão e ludicidade, criatividade, leveza e prazer.
E evitamos experiências negativas de sofrimento, energia baixa e oscilante, confusão, falta de sentido, opacidade, tédio, torpor, peso e dor – algo presente quando somos despedidos, perdemos dinheiro, vivemos em um local desfavorável, somos abandonados por nossa mulher ou vemos nosso filho morrer.
Quando perdemos o emprego, o apartamento ou a namorada, não é o apego a essas coisas que nos aflige, deprime e cria sofrimento. É o apego às experiências positivas, ao fluir da energia que o emprego, o apartamento e a namorada proporcionavam. Tanto é que se logo arrumarmos uma namorada melhor, um trabalho que pague mais e um apê mais bem localizado, pronto, imediatamente esquecemos dos antigos, nos “desapegamos” sem hesitar.
Nossos vícios não são pessoas, locais ou objetos, mas experiências. Quem fuma sabe bem disso…
As experiências, portanto, são ancoradas e sustentadas por seres, fenômenos, locais, fatos, situações e objetos. Um perfume, por exemplo, ativa uma atmosfera que muitas vezes não conseguimos acessar do nada. Músicas, filmes, locais, pessoas e relacionamentos atuam como um suporte para estados corporais e configurações mentais que não conseguimos reproduzir, acessar, ativar e incorporar de outro modo.
É por isso que ouvimos Radiohead para aprofundar nossa angústia e AC/DC ou Dave Matthews Band para liberar melhor nossa alegria ou tesão de viver.
Não critico nada disso, a vida é justamente o processo de usar todos os meios hábeis para produzir experiências. O problema é sofrermos quando algo deixa de ancorar nossa felicidade, o que muitas vezes nos leva a causar experiências negativas para nós e para os outros.
Para escapar desse processo cíclico, é necessário abandonar a esperança de que nossa experiência de felicidade possa ser estabilizada por meio de seres, fenômenos, locais, fatos, situações e objetos. E ir direto ao que queremos: estabilizá-la diretamente.
Nenhum de nós foca no que realmente queremos: felicidade e energia estável, liberdade e capacidade criativa, destemor e generosidade, prazer e capacidade de brincar, sorrir pra tudo, repousar até mesmo no desconforto.
Quando vamos atrás de mulheres, orgasmos, álcool, carros, grana, poder, locais paradisíacos, retiros espirituais, alucinógenos, comidas, noitadas, reuniões de negócio, na verdade não estamos querendo nada disso. Queremos apenas estabilizar, por meio desses suportes, algum estado de felicidade, prazer, diversão, visão ampla, tesão, vida com sentido e leveza que já atingimos alguma vez ou que imaginamos ser possível. Só isso.
Felicidade condicionada = frustração
O lance é que não conseguimos atingir e sustentar tal estado positivo diretamente, então o colocamos sob condições, na esperança de aumentar a probabilidade disso tudo acontecer. Por exemplo, durante um jogo de futebol, você coloca sua felicidade na mão de um time, ou melhor, em um tipo de camisa, pois jogadores e técnicos mudam o tempo inteiro.
Então, considerando que as camisas são praticamente iguais, na verdade, você permite que estampas controlem o batimento do seu coração:
E não só com times e estampas. Fazemos isso com pessoas, relacionamentos, trabalhos, cidades, apartamentos, empresas, situações…
Ora, se o que nos deixa bem são as experiências positivas, vamos aprender a produzi-las e sustentá-las mesmo na ausência de dinheiro e mulheres, mesmo durante a derrota de nosso time. É impossível estabilizar a chuva (controlar os movimentos das ações na Bolsa, de nossas mulheres ou dos jogadores no campo), mas podemos estabilizar aquilo que realmente define se a chuva vai nos causar uma experiência positiva ou negativa: nosso corpo e nossa mente.
Como produzir experiências positivas
Livros como O Segredo e filmes como What the Bleep Do We Know!? representam uma abordagem new age que acredita que podemos controlar os fenômenos, alterar os eventos e assim produzir felicidade. Se você enxerga felicidade em um carro, tenha um pensamento positivo e imagine você dirigindo um Bentley até que um Bentley apareça na sua frente…
Podemos facilmente evitar tal equívoco se, em vez de tentarmos produzir fenômenos, nos dedicarmos a alterar a qualidade de nossa experiência. Como diz Lama Padma Samten, mudamos a casa inteira sem precisar quebrar nenhuma parede.
A verdadeira substância da vida
A vida não é feitas de seres, fenômenos, locais, fatos, situações e objetos. A vida é feita de experiências.
Tome um banheiro, por exemplo. É um local, mas nunca existe como local per se. Ele é sempre a experiência de olhar para um banheiro, entrar em um banheiro, medir suas dimensões ou apenas analisar cientificamente os átomos da parede de um banheiro. São diversas experiências sensoriais que surgem em nosso contato com o banheiro, mas nunca há “o banheiro” em si.
Com fatos, já aprendemos com Nietzsche que são interpretações, mas com objetos e seres é mais complicado. Ainda assim, é só abrir bem os olhos. Você já encontrou a si mesmo sem ser por meio da experiência de se olhar no espelho, pensar, sonhar ou ver que outros estão tendo a experiência de ver e falar com você? Tanto em você como nos outros, não há “a pessoa” em si, apenas as experiências construídas nas quais aparecemos como um elemento no mundo sensorial de alguém.
Por não ser auto-existente ou possuir uma essência imutável, uma mesma coisa pode produzir experiências positivas ou negativas. Uma mulher gostosa: se apaixonada por nós, causa felicidade; se nos trai ou abandona, causa sofrimento Um Bentley: quando o dirigimos, prazer; quando batemos ou somos roubados; dor de cabeça.
Ou pode aparecer de formas diferentes: uma mesma mulher pode ser chata ou simpática ao mesmo tempo para duas pessoas; pode ser mãe, sobrinha ou filha, chefe ou subordinada; pode ser um monstro para o ex enquanto é a oitava maravilha do mundo sob o olhar do novo namorado.
É por isso que todas as nossas características (aquelas que pensamos ser nossa essência), negativas ou positivas, são apenas formas de relação que estabelecemos com os outros, com objetos, locais, situações, com o mundo em geral. Nós também somos experiências.
Timidez, chatice, liderança… Processos de relação. Não faz sentido apontar o dedo e dizer: “Ele é chato”. Ora, certamente ele não é chato para, no mínimo, uma outra pessoa. Então a chatice não é uma propriedade enervurada no âmago do seu ser. Ao apontar um adjetivo no outro, revelamos o tipo de relação que foi co-construída por ambos, o modo como nascemos um ao olhar do outro, o tipo de experiência que estamos produzindo.
Como é produzida uma experiência?
Uma experiência é fruto do encontro entre sujeito e objeto. Mais precisamente, ela é produzida pelo acoplamento entre um corpo e um ambiente, um mundo particular, um umwelt. Esse conceito alemão serve para dizer que o mundo ao nosso redor surge de acordo com nossa configuração. Se fôssemos uma abelha, veríamos outras coisas, ou melhor, viveríamos em outro mundo.
Na verdade, é uma ilusão achar que somos vários seres andando em um mesmo mundo. Os biólogos Humberto Maturana e Francisco Varela costumam dizer que, quando um ser morre, um mundo inteiro morre junto. Cessam todas as experiências que esse ser tinha com as coisas; e seu mundo inteiro era só isso: a experiência que ele tinha com outros seres, objetos, locais e fenômenos.O que realmente define a qualidade do que surge não é o objeto, mas o sujeito. Não são as pessoas vistas, os ambientes, os eventos, as situações externas, mas o olho que vê, o corpo que se relaciona e sente, a mente que pensa e cria sentido.
Se duvida da importância do corpo, experimente assistir ao show de sua banda favorita depois de 48h sem dormir. O show vai rolar lá longe, perfeito, mas você mal vai conseguir abrir os olhos, ou estará com dor de cabeça, ou estará com todos os sentidos comprometidos.
Para testar a hipótese da mente ser decisiva para a produção das experiências (note: não para a produção dos fenômenos), vá a uma festa sensacional num dia em que estiver mal, totalmente depressivo. A festa vai ser animal, mas você vai ter uma péssima experiência. Ou seja, no seu mundo não vai existir essa festa animal compartilhada subjetivamente por outros.
O que realmente buscamos?
Há algo ordinariamente comum entre um orgasmo numa lua de mel em Fernando de Noronha e um prêmio em Cannes após um trabalho que rendeu muita grana. Durante toda a nossa vida, buscamos experiências positivas de felicidade, energia intensa e estável, sentido na vida, brilho nos olhos, diversão e ludicidade, criatividade, leveza e prazer.
E evitamos experiências negativas de sofrimento, energia baixa e oscilante, confusão, falta de sentido, opacidade, tédio, torpor, peso e dor – algo presente quando somos despedidos, perdemos dinheiro, vivemos em um local desfavorável, somos abandonados por nossa mulher ou vemos nosso filho morrer.
Quando perdemos o emprego, o apartamento ou a namorada, não é o apego a essas coisas que nos aflige, deprime e cria sofrimento. É o apego às experiências positivas, ao fluir da energia que o emprego, o apartamento e a namorada proporcionavam. Tanto é que se logo arrumarmos uma namorada melhor, um trabalho que pague mais e um apê mais bem localizado, pronto, imediatamente esquecemos dos antigos, nos “desapegamos” sem hesitar.
Nossos vícios não são pessoas, locais ou objetos, mas experiências. Quem fuma sabe bem disso…
As experiências, portanto, são ancoradas e sustentadas por seres, fenômenos, locais, fatos, situações e objetos. Um perfume, por exemplo, ativa uma atmosfera que muitas vezes não conseguimos acessar do nada. Músicas, filmes, locais, pessoas e relacionamentos atuam como um suporte para estados corporais e configurações mentais que não conseguimos reproduzir, acessar, ativar e incorporar de outro modo.
É por isso que ouvimos Radiohead para aprofundar nossa angústia e AC/DC ou Dave Matthews Band para liberar melhor nossa alegria ou tesão de viver.
Não critico nada disso, a vida é justamente o processo de usar todos os meios hábeis para produzir experiências. O problema é sofrermos quando algo deixa de ancorar nossa felicidade, o que muitas vezes nos leva a causar experiências negativas para nós e para os outros.
Para escapar desse processo cíclico, é necessário abandonar a esperança de que nossa experiência de felicidade possa ser estabilizada por meio de seres, fenômenos, locais, fatos, situações e objetos. E ir direto ao que queremos: estabilizá-la diretamente.
Nenhum de nós foca no que realmente queremos: felicidade e energia estável, liberdade e capacidade criativa, destemor e generosidade, prazer e capacidade de brincar, sorrir pra tudo, repousar até mesmo no desconforto.
Quando vamos atrás de mulheres, orgasmos, álcool, carros, grana, poder, locais paradisíacos, retiros espirituais, alucinógenos, comidas, noitadas, reuniões de negócio, na verdade não estamos querendo nada disso. Queremos apenas estabilizar, por meio desses suportes, algum estado de felicidade, prazer, diversão, visão ampla, tesão, vida com sentido e leveza que já atingimos alguma vez ou que imaginamos ser possível. Só isso.
Felicidade condicionada = frustração
O lance é que não conseguimos atingir e sustentar tal estado positivo diretamente, então o colocamos sob condições, na esperança de aumentar a probabilidade disso tudo acontecer. Por exemplo, durante um jogo de futebol, você coloca sua felicidade na mão de um time, ou melhor, em um tipo de camisa, pois jogadores e técnicos mudam o tempo inteiro.
Então, considerando que as camisas são praticamente iguais, na verdade, você permite que estampas controlem o batimento do seu coração:
E não só com times e estampas. Fazemos isso com pessoas, relacionamentos, trabalhos, cidades, apartamentos, empresas, situações…
Ora, se o que nos deixa bem são as experiências positivas, vamos aprender a produzi-las e sustentá-las mesmo na ausência de dinheiro e mulheres, mesmo durante a derrota de nosso time. É impossível estabilizar a chuva (controlar os movimentos das ações na Bolsa, de nossas mulheres ou dos jogadores no campo), mas podemos estabilizar aquilo que realmente define se a chuva vai nos causar uma experiência positiva ou negativa: nosso corpo e nossa mente.
Como produzir experiências positivas
Livros como O Segredo e filmes como What the Bleep Do We Know!? representam uma abordagem new age que acredita que podemos controlar os fenômenos, alterar os eventos e assim produzir felicidade. Se você enxerga felicidade em um carro, tenha um pensamento positivo e imagine você dirigindo um Bentley até que um Bentley apareça na sua frente…
Podemos facilmente evitar tal equívoco se, em vez de tentarmos produzir fenômenos, nos dedicarmos a alterar a qualidade de nossa experiência. Como diz Lama Padma Samten, mudamos a casa inteira sem precisar quebrar nenhuma parede.
domingo, 2 de maio de 2010
COLEÇÃO PENELOPE
Essa semana estou usando o esmalte ATITUDE PINK da coleção da Risqué. O nome já diz , rosa e lilás bem penelope. São lindos, as meninas que estavam perguntando qual a cor, é só se jogar. Eu queria muito que o dia tivesse mais 24h para eu poder terminar de ler os livros que preciso terminar. Meu, acho que não vou dar conta, tenho que terminar o último da série Harry Potter ( não vem não, adoro os filmes e claro tenho que ler os livros), comecei o Vendedor de Sonhos( Augusto Cury), tenho que ler o LOOKS, e a minha terapeuta me sugeriu "Meninas boas vão para o céu, meninas más vão à luta". Diversidade tamanha!!!! Sou eclética, em tudo, músicas, livros, filmes, e ainda tem os livros dos meus cursos. AFFF quero mais tempo...tempo...tempo e ainda quero fazer as makes da LAUREN, e ainda tenho que dar atenção ao marido, ao Fred, não necessariamente nessa ordem. Quero morrer...Aliás um enorme beijo à minha terapeuta, linda, que me ajuda tanto, não quero morrer, quero viver!!!!
PARQUE DA CIDADE
A semana passada fiz um passeio no Parque, com o Fredinho, meu cachorro. Estava uma manhã clara com jeitão de tempos de seca. Normalmente corro 10km para manter o hábito sadio de atividade física, mas nesse dia estava dando um passeio por lá e cantando Eduardo e Mônica se conheceram por aqui, ela de moto e ele de camelo ( Renato Russo).
Tem tanta gente que vem fazer passeios, corridas, andar de bike, patinar, é uma curiosa mistura que deixa a gente meio sem cara própria, meio sem tipo, um tanto vira-latas( no bom sentido, quem tem cachorro como eu, sabe que os vira-latas são os melhores.)
Quem adorou mesmo foi o Fred, acredito que ele nunca tenha visto tanta variedade de gente_ essa é uma característica da nossa cidade. Foi legal o passeio e o melhor é o finalzinho em que você para nos quiosques e come uma salada de frutas ( sem leite condensado help) ou um pedaço imenso de melancia e fica ali olhando aquele monte de gente!!!! Alivia as tensões cotidianas. Taí uma dica para o domingo pela manhã, você aproveita e começa a participar das corridas de rua que estão crescendo tanto, tem tanta gente, forme uma equipe e comece já. A gente se vê.
xoxo
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