segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Se te casas, arrependes-te;
se não te casa, arrependes-te também;
cases-te ou não te cases, arrependes-te sempre.
Ri-te das loucuras do mundo e irás arrepender-te;
chora sobre elas, e arrependes-te também;
ri-te das loucuras do mundo ou chora sobre elas,
e de ambas as coisas te arrependes;
quer te rias das loucuras do mundo,
quer chores sobre elas irás sempre arrepender-te.
Acredita numa mulher, e irás arrepender-te,
não acredites nela e arrependes-te também;
acredites ou não numa mulher, arrependes-te de ambas as coisas.
Enforca-te, e arrependes-te;
não te enforques, e na mesma te arrependes.
É esta, meus senhores, a quintessência de toda a sabedoria da vida.
–Søren Kierkegaard



A idéia do arrependimento supõe uma negação de algo no passado, um desejo por outro caminho, um impulso de ter ido a outro lugar, feito outra coisa, agido de forma diferente. A negação do passado é uma negação do presente. Pensar “Queria ter feito diferente” é o mesmo que dizer “Quero ser outro”. Ora, como o corpo sente isso? Sensação parecida com olhar no espelho e desejar não ter essa barriga proeminente, esses traços a mais, essa curvatura em desvio.


Amar o necessário é dizer para tudo e todos: “Não poderia ter sido diferente!”. Tal afirmação da perfeição de todas as coisas é a redenção suprema de nossos erros. Suprema pois transcendental: o erro não precisa ser alterado ou reinterpretado para deixar de ser erro, basta que olhemos bem para ele até que sua perfeição nos encha os olhos.

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