sexta-feira, 23 de abril de 2010

O primo Basílio, aquele calhorda
Há 2 meses, li o Primo Basilio. É a história da Luisa, uma mulher de 25 anos, casada, que começa a ter um caso com seu primo. Ela e o primo já tinham sido namorados na adolescência, mas ele partiu e só voltou anos depois, quando ela já tinha casado com outro.

No começo, a Luisa é uma mulher totalmente voltada ao marido. Um exemplo de esposa. Só que o marido vai viajar e ai chega o Basilio. Ela se (re)apaixona perdidamente. A Luisa vira uma mulher mais feliz, mas vira uma adúltera e vai destruindo a imagem de boa moça. Depois ela se ferra porque a empregada metida rouba umas cartas e começa a chantagea-la.

Antes da empregada acabar com a festa, a Luisa estava extremamente feliz com essa paixonite. E lá pelas tantas, o Basilio manda uma carta. Depois dela ler, o livro tem esse trecho:

E Luísa tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente. Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido. Sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo conduzia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações.

Vocês reconheceram isso? Aparece numa parte da música "Amor I Love You", da Marisa Monte. Antes, eu não entendia esse trecho. E agora, lendo com calma, eu o acho delicioso. Ele tem poesia, melodia, é colorido... Eu imagino a Luisa flutuando, com um sorriso bobo e o olhar perdido. Aix aix...

O Basílio era, na verdade, um belo calhorda. Podia perfeitamente ser um personagem do Nelson Rodrigues. E um calhorda envolvente, não dá pra negar. Conseguiu dobrar a Luisa, que era um exemplo de esposa.

Tem um trecho do livro que me deixou bege! Curte só:

Basílio achava-a irresistível; quem diria que uma burguesinha podia ter tanto chic, tanta queda? Ajoelhou-se, tomou-lhe os pezinhos entre as mãos, beijou-lhos; depois, dizendo muito mal das ligas "tão feias, com fechos de metal", beijou-lhe respeitosamente os joelhos; e então fez-lhe baixinho um pedido. Ela corou, sorriu, dizia: não! não! — E quando saiu do seu delírio, tapou o rosto com as mãos, toda escarlate; murmurou repreensivamente:
— Oh Basílio!
Ele torcia o bigode, muito satisfeito. Ensinara-lhe uma sensação nova; tinha-a na mão!

Tipo assiiiiim... Vocês entenderam o que ele fez? O livro é de 1878. Imaginem o rebuliço!

O final do livro dá muita, muita, muita raiva do Basilio. Sim, eu vou contar o final! Então, se você tiver a intenção de pegar o livro, pare de ler esse texto agora!

Boommm... Quando a empregada metida começa as chantagens, a Luisa começa a adoecer, de medo que o marido descobrisse. E o Basilio foge pra Paris, a terra de boemios calhordas como ele.

A Luisa piora cada vez mais. E o marido, mesmo descobrindo as traições, implora que Deus a salve (essa parte é foda!). Mas ela morre.

Algum tempo depois, o Basilio volta a Lisboa e procura Luisa. Quando descobre que ela morreu, ele comenta com um amigo: "Que ferro! Eu podia ter trazido a Alphonsine!".

Grrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr...



Para os que leram até o final:
Eu sabia que você não ia pegar o livro! Preguiçoso! huahuahuahua

Nenhum comentário:

Postar um comentário