sábado, 24 de abril de 2010

Síndrome de Poliana: eu tenho!
Eu sempre ouvia falar na síndrome de Poliana ou no jogo do contente. Então li o tal livro que deu origem a isso: Pollyanna, a pequena órfã.

É a história de uma menina de 11 anos que perde os pais e vai morar com Miss Polly, uma tia que ela sequer conhecia. A Pollyanna jogava o Jogo do Contente: sempre que algo ruim acontecia, ela tinha que descobrir um jeito de inverter a situação, vendo o lado bom das coisas e descobrindo como fazer para que elas evoluissem.

Hoje em dia, usa-se a expressão "síndrome de Poliana" para falar de alguém que se ilude. Mas acho que esses não entenderam o jogo de verdade. A Pollyanna ficava realmente feliz, sem fingimento. E ela não era resignada, porque tentava fazer com que tudo melhorasse.

Não era uma questão de "está chovendo, droga, mas vou me conformar". E sim: "vamos dormir ouvindo a chuva, porque amanhã o sol virá e as flores estarão mais bonitas porque foram regadas". =)

Esse é um trechinho do livro, que achei fantástico:

Pollyanna encontrou um gatinho a miar desalmadamente, a alguma distância da estrada. Depois de ter perguntado a toda a vizinhança, não encontrou o dono e trouxe-o para casa.
— Ainda bem que não encontrei o dono — disse ela à tia, muito satisfeita — porque quis logo trazê-lo para casa. Adoro gatinhos. Já sabia que o ia deixar viver cá em casa.
Miss Polly olhou para o montinho de pêlo que se encolhia nos braços de Pollyanna e disse:
— Que horror Pollyanna! Que animalzinho horroroso! E com certeza está doente e cheio de pulgas!
— Eu sei, pobre coitadinho — lamentou Pollyanna com carinho olhando para os olhinhos assustados do bicho. — E está a tremer de medo. É porque ainda não sabe que vamos ficar com ele.
— Não, não vamos — retorquiu Miss Polly com ênfase.
— Pois vamos — reafirmou Pollyanna, não tendo compreendido as palavras da tia. — Eu disse a toda a gente que íamos ficar com ele se não encontrássemos o dono. Eu sabia que ia ficar contente e que ia ter pena deste gatinho abandonado!
Miss Polly abriu a boca, a tentar falar, mas em vão. Voltava a sentir aquele curioso sentimento de impotência que experimentara tão frequentemente desde a chegada de Pollyanna.
— Eu bem sabia — respondeu Pollyanna com gratidão — que a tia, tendo tomado conta de mim, não ia deixar o pobre bichinho sem casa, e disse a Mrs. Ford, quando ela me perguntou se a tia me deixava ficar com ele, que eu tinha tido as senhoras da caridade e que o gatinho não tinha ninguém. Eu sabia que a tia ia pensar assim! — e saiu a correr do quarto.
— Mas, Pollyanna, Pollyanna — insistiu Miss Polly — eu não... — Mas Pollyanna ia já a meio caminho da cozinha, gritando.
— Nancy, Nancy, olha este gatinho que a tia Polly vai criar juntamente comigo!
E a tia Polly que detestava gatos deixou-se cair abatida na cadeira, desalentada e impotente para protestar.
Moral da história: A Pollyanna tinha convicção na bondade da tia, porque embora ela fosse dura, tinha acolhido a sobrinha quando ficou órfã. Outros podiam pensar que a tia era um pé-no-saco, mas a Pollyanna era grata, porque podia estar num orfanato. E a tia não tinha tido coragem de "admitir" que não era assim tão generosa, querendo que o gatinho continuasse na sarjeta. A Pollyanna invocava o que a Miss Polly tinha de melhor, e acabou transformando a tia realmente.

Oh meus sais, essa TPM me deixa tão emotiva... Snif!

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